O Chelsea não pecou tanto assim.



     O  Chelsea, como outros times europeus de alto escalão, possui o costume de contratar várias  promessas, ainda muito jovens. No entanto, como esses jogadores normalmente não possuem alto nível ainda, costumam ser repassados por empréstimo a clubes de ambições mais modestas. Nesse contexto, diversos jogadores chegaram ao clube londrino em idos dessa década. É, ou foi, o caso de Van Ginkel, Pasalic, Christensen, Courtois e outros jogadores. Dessa remessa enorme,  3 jogadores se destacam. São esses: Lukaku, De Bruyne e  Salah. Todos passaram pelo Chelsea, foram emprestados e posteriormente vendidos, mas hoje são jogadores de primeira linha do futebol mundial. Muito se repara nisso, e, naturalmente, muito se critica o Chelsea por não ter aproveitado os craques da melhor maneira que poderia.

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Mario Pasalic sendo anunciado pelo Chelsea, em 2014.
     Entretanto, há defesa plausível para as atitudes tomadas pela diretoria blue em relação aos 3 atletas. Eles, em nenhum momento, dispensaram estrelas do futebol mundial. A começar pelo que hoje em dia é mais badalado, Mohamed Salah. o jogador egípcio chegou no meio da temporada 13-14, na janela de inverno. O jogador apresentava pouca idade e bom futebol pelo Basel, além disso, também exibiu bom futebol enfrentando justamente o Chelsea pela fase de grupos da Uefa Champions League. Marcou dois gols em dois confrontos e garantiu duas vitórias da equipe suíça contra os londrinos. Nessa meia temporada inicial, o jogador não ganhou muito espaço, teve como melhor lembrança o gol na sonora vitória blue sobre o Arsenal pelo placar de 6 a 0.

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Salah agradecendo após marcar em Stamford Bridge.
     No entanto, na temporada 14-15 a situação piorou para Mohamed. Com as chegadas de Fábregas e Diego Costa, a concorrência por vagas no ataque ficou bem complicada. E, além disso, o time estava engrenando muito bem. Líder isolado da  Premier League, tendo ficado invicto até a 14°. A equipe havia realmente encaixado, não havia muitos motivos para arriscar mudanças, ainda mais colocando um jovem egípcio que pouco mostrara até então. Fora que, mesmo para entrar durante os jogos, havia um concorrente de alto nível, que era Schürrle. Até que, na janela de inverno seguinte, o Chelsea vira uma grande oportunidade. Juan Cuadrado, que tinha atuado muito bem na Copa do Mundo de 2014, estava bem ao alcance do clube. Em troca, além dos 23,5 milhões de euros, a Fiorentina recebeu Mohamed Salah por empréstimo. O Chelsea ainda vendeu André Schürrle, por cerca de 30 milhões de euros, ao Wolfsburg, para não gastar mais do que arrecada. Nesse panorama, é possível criticar o Chelsea por deixar seu elenco enxuto demais, mas não por mandar embora um grande jogador. Cuadrado era  um objeto de desejo de vários times europeus, e Salah não convencia, não faria sentido ver essa negociação como uma ação insensata.
     Pela Fiorentina, Salah jogou bem, sendo titular. Voltar a compor o elenco blue parecia algo natural. Principalmente porque Cuadrado não convencera e acabara emprestado a Juventus. Entretanto, outro jogador chegava em Stammford  Briidge e complicava a vida do egípcio: Pedro Rodríguez. Salah acabou emprestado a Roma, onde poderia ter mais espaço, uma negociação boa para ambos os lados. Acabou indo muito bem pelo clube romano, enquanto o Chelsea fez uma temporada pífia. E acabou ocorrendo a compra definitiva de Mohamed Salah. O jogador já não era uma promessa (24 anos), não mostrou qualidade parra atuar em alto nível na Premier  League. Poderia ser, no máximo, um reserva útil, mas mais útil pareciam os 15 milhões de euros fixados como valor da compra no ano anterior. Então o Chelsea seguiu bem sem ele, com Willian, Hazard e Pedro, enquanto ele seguia bem na Roma. Chamou a atenção do Liverpool, carente de talento no elenco, pois necessitava de uma temporada consistente. Acabara contratado por 42 milhões de euros, por conta do inflacionadíssimo mercado europeu da última janela de verão. Os dirigentes dos reds esperavam que ele pudesse desempenhar um bom futebol pela equipe, mas nada espetacular. Aliás, nem Salah esperaria conseguir alcançar um nível de  Bola de Ouro, e seu histórico como jogador, nem de longe, denunciava isso. O resto da história , que segue sendo escrita, nós já sabemos. Mas é fato que isso foi uma surpresa, e mesmo que possamos apontar algumas escolhas erradas do Chelsea nessa história, o clube jamais deixou de aproveitar um astro do futebol mundial. Qual clube do mundo preferiria o então limitado e desconhecido Salah, ao invés de Cuadrado e Pedro?

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Salah marcando contra seu ex-clube, em partida que terminara empatada.
     Outra estrela que, inicialmente, não demonstrava um nível tão alto assim, foi Lukaku. Contratado em 2011, com apenas 18 anos, não conseguiu grande destaque, inicialmente. Conquistou a Uefa Champions League junto a equipe, e na temporada seguinte foi emprestado ao West Bromwich. Foi muito bem pela equipe, marcando 17 gols na Premier League. Paralelamente a isso, o Chelsea sofria um drama, exatamente pela falta de gols. Drogba já havia saído da equipe, e claramente Fernando Torres não estava dando conta do recado. Tanto que, na janela de inverno dessa mesma temporada 12-13, o clube londrino contratara Demba Ba, então destaque do Newcastle. O franco-senegalês até começou bem pelos blues, mas não o suficiente para substituir o lendário Didier Drogba. Então a diretoria se viu na necessidade de resolver o problema. Realmente, o jovem Romelu mostrava ótimo desempenho, mas ainda era uma promessa. Para evitar apostas, a diretoria optou por trazer um atacante já consagrado: Samuel Eto'o.
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Drogba, junto daquele que era visto como seu sucessor.
    Com Torres, em que muitos ainda viam um jogador técnico, com capacidade de desencantar, os recém contratados Demba Ba e Eto'o, mais o Lukaku voltando de empréstimo, o time claramente tinha centroavantes demais. Optou-se por descartar o jovem atacante belga, mas apenas por empréstimo. O mesmo foi para o Everton, onde teria mais espaço e poderia desenvolver seu futebol. Aconteceu que, nesta temporada 13-14, Lukaku foi bem, anotando 16 tentos pelo Everton. Sendo que, paralelamente a isso, Eto'o, Torres e Demba Ba decepcionavam, estendiam o problema com o camisa 9 que vinha desde a saída de Drogba. Seria a chance perfeita para Lukaku chegar e assumir a titularidade, não? E acabaria sendo um ciclo correto, feito com cautela, e sem apressar as coisas. O belga chegara jovem no clube, fora emprestado até atingir um alto nível, e agora mostraria a que veio. Mas não foi o que aconteceu.
      Não aconteceu pois o  Chelsea acabou fazendo uma das principais contratações daquela temporada; Diego Costa. O hispano-brasileiro não havia feito uma grande Copa do Mundo, juntamente a toda a Espanha, mas havia sido uma das sensações da última temporada. Isso porque o centroavante tinha liderado o Atlético de Madri ao título espanhol e a um vice-campeonato da Champions League, que não foi cedido facilmente. Por mais que Diego seja 4 anos mais velho que Lukaku, ele era um dos melhores jogadores do mundo, até então. Era uma contratação a qual o Chelsea não poderia abrir mão, já que consegui-a. Mas, dessa vez, o clube inglês não pretendia emprestá-lo novamente, a ideia era tê-lo como reserva imediato do recém chegado. Porém, a paciência de Romelu tinha se esgotado. Ele queria ser titular, segundo Mourinho, e isso se mostrava claramente inviável. Diego Costa era explicitamente superior, nenhum técnico faria a bobagem de colocá-los juntos no ataque. Acabou que a solução foi vendê-lo. No caso, para o próprio Everton, onde ele esteve na última temporada, pela boa quantia de 28 milhões de libras. Certamente a diretoria não queria se desfazer de um jogador de tamanha qualidade, mas quem não preferiria o Diego Costa nesse contexto? Ele poderia ter tido mais chances anteriormente, mas ainda era uma incerteza futebolística; quando se fincou, acabou ganhando uma concorrência até desleal.
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Lukaku marcando contra seu ex-time. 
      E, por fim, temos De Bruyne. Nesse caso, a situação fica menos defensável para o Chelsea. Kevin chegou em 2012, após o título europeu. Mas, de cara, foi emprestado ao Werder Bremen. Pelo clube alemão, provou seu valor, tendo virado titular e anotado 10 tentos durante a temporada. Voltou para a temporada 13-14 e teve poucas chances. Pode-se dizer que o belga fora injustiçado. Mas seria uma situação complicada para ele. Afinal, qualquer promessa sentiria dificuldades em disputar posição com Lamparrd, Juan Mata, Ramires, Oscar e outros mais. Acabou fazendo menos de 10 jogos na temporada e fora vendido já na janela de inverno para o Wolfsburg. O negócio girou em torno de 20 milhões de euros. Pra um jogador pouquíssimo utilizado, pareceu ótimo negócio. Era difícil imaginar que ele tinha guardado tamanho futebol. O resto da história todos nós sabemos. É fato que Mourinho errou em dar poucas chances ao jovem belga, mas ele esperava usá-lo mais com o tempo. E uma proposta dessas pegou todos de surpresa, pareceria muita insensatez não vendê-lo de imediato. Quem imaginaria que esse negócio acabaria se tornando um prejuízo tão grande? 
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De Bruyne, em um dos poucos jogos que fez pelo Chelsea.
     No fim das contas, quase ninguém previa que os 3 jogadores alcançariam tal nível, talvez o Lukaku. Mas, da mesma forma, poucos achariam que o Chelsea estava fazendo a coisa errada em preferir Diego Costa. Agora o clube se lamenta por pecados que não cometeu.

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