O surpreendente renascimento
David Luiz em confronto a Aguero. |
O Renascimento foi o período entre os séculos XIV e XVI na história europeia. Ele destruiu o pensamento teocêntrico e elevou o individualismo. Além de retrazer a ideia de livre comércio, tão sufocado durante a Idade Média. Dali surgia o ideal, nada coletivista, que culminaria o liberalismo, que tanto enriqueceu a Europa nos séculos seguintes. Por conta da ideia de exaltar os indivíduos, e não Deus (ou a sociedade).
E, nesse caso, vamos falar do renascimento de um famigerado indivíduo. O zagueiro David Luiz, que tantas vezes foi do céu ao inferno, se re-estabeleceu no topo. Ele vinha de más temporadas pelo PSG, conseguia ir mal na fraca liga francesa, sempre dependente de Thiago Silva. Quando Conte o contratou, as críticas foram infinitas, com razão.
O jogador tinha sido pífio no famoso 7 a 1, sendo que era adorado por todos os brasileiros antes do ocorrido. E vinha de uma má temporada pelo Chelsea, ficando no banco inúmeras vezes. O que era surpreendente, David fez ótimas temporadas pelo Benfica, e foi simplesmente fantástico no Chelsea, a princípio. Na inacreditável Champions League de 11-12 ele havia sido essencial para a conquista do título. Mas ao que aparentava, ele havia desaprendido a jogar, praticamente. As falhas eram constantes, e sua técnica apurada não compensava mais.
David Luiz em jogo contra o Barcelona, em que sucumbiu ao talento de Suárez. |
Eis que se inicia a temporada. E logo na estreia, o Chelsea perde invencibilidade no campeonato. Derrota, em casa, pro Liverpool, pelo placar de 2 a 1. As críticas eram iminentes. Logo que David voltara, Chelsea perdera, coincidência? E tudo piorou na partida seguinte. Novamente um clássico, dessa vez contra o arquirrival, Arsenal. Foi um verdadeiro desastre, derrota por 3 a 0, com partida pífia de Cahil e David Luiz. Parecia que, afinal, estavam todos certos, David Luiz é ruim, simples. Conte teria fortes dificuldades em ajeitar o time após a traumatizante temporada de 15-16, certamente. E o italiano havia errado feio em pedir o zagueiro.
Premier League que segue, Conte acabou por abandonar o ortodoxo 4-1-4-1, variando para o 4-2-3-1. Acabou adotando um arriscado 3-4-3, com Azpilicueta na zaga e Moses de titular. Víamos um desastre anunciado. Mas ocorreu exatamente o contrário. Tudo começou com a vitória por 2 a 0 contra o Hull City, o protótipo era bom. Após isso veio a incrível, absurda, sequência de 13 vitórias na Premier League. Tudo foi interrompido após a derrota por 2 a 0 contra o Tottenham. Mas é desnecessário afirmar o óbvio, ou chover no molhado. O 3-4-3 deu perfeitamente certo no Chelsea. Colocou o time na liderança, entre os melhores ataques e defesas da competição. E era perfeitamente visível alguns destaques do time. Hazard voltou a ser o craque que conhecemos, Marcos Alonso se mostrou uma ótima novidade, Kanté conseguiu ir até melhor que no Leicester. E, claro, David Luiz.
Trio de zaga blue |
Em algumas estatísticas, consegue ser melhor que Hummels, por exemplo. Comanda a zaga blue, ao lado do Azpilicueta improvisado e do limitado Cahil. É, certamente, um dos melhores zagueiros jogando em terras inglesas. Tem a boa participação ofensiva de frente, e não compromete mais defensivamente. Conte encontrou um sistema perfeito para ele, ou David Luiz se encaixou perfeitamente no esquema. Isso na verdade não importa. O importante é que David Luiz voltou a jogar bem, até melhor que na primeira passagem por Londres. Segue tendo explosão e técnica apurada, mas com maior liderança e maturidade. Aliás, não é qualquer um que põe Terry no banco, certo?
David realmente renasceu. O seu futebol, que aparentava ter sumido, voltou com força total. Seu nome deverá reaparecer na seleção o quanto antes. Até porque nenhum outro zagueiro brasileiro faz tão boa temporada. E, caso ele volte, provavelmente irá reconquistar os brasileiros. E, possivelmente, o fará de forma permanente.
David Luiz marcando gol de falta, contra o Liverpool, em Anfield Road. |
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